A Mulher do Século 20
Com estilo e elegância, Gabrielle "Coco"
Chanel revolucionou a década de 20, libertando a mulher dos trajes
desconfortáveis e rígidos do final do século 19. Um verdadeiro mito, Chanel
reproduziu sua própria imagem, a mulher do século 20, independente,
bem-sucedida, com personalidade e estilo.
O estilista alemão Karl Lagerfeld é, desde 1983, o
diretor de criação da marca Chanel, tanto para a linha de alta-costura quanto
para a de prêt-à-porter. O estilo clássico criado por mademoiselle,
revitalizado por Lagerfeld, atravessou o século 20 e se tornou atemporal.
Eu criei um estilo para um mundo inteiro.
Vê-se em todas as lojas "estilo Chanel".
Não há nada que se assemelhe. Sou escrava do meu estilo. Um estilo não sai da
moda; Chanel não sai da moda."
Coco Chanel
Símbolo de status
A bolsa com alças de corrente dourada, o colar de
pérolas, o tailleur e o vestido preto são os símbolos de elegância e status que
marcaram para sempre a história da moda. Mas foi o seu perfume, o Chanel nº 5 -
tido como o mais vendido no mundo -, que a tornou milionária.
O perfume foi criado em 1921 por Ernest Beaux a
pedido de Gabrielle Chanel, que sugeriu: "Um perfume de mulher com cheiro
de mulher". Dentro de um frasco art déco - que foi incorporado à coleção
permanente do Museu de Arte Moderna de Nova York em 1959 -, o Chanel nº 5 foi o
primeiro perfume sintético a levar o nome de um estilista.
VIDA E CARREIRA
Nascida em Saumur, França, em 19 de agosto de 1883, Chanel chegou a Paris aos 16 anos. Logo conheceu o milionário criador de cavalos, Etienne Balsam, de quem tornou-se amante. Mais tarde, em 1910, conseguiu, com ajuda de amigos e do próprio Balsam, abrir sua primeira loja, onde vendia chapéus.
Foi também noiva do herdeiro inglês do carvão
Arthur Capel, que a ajudou a abrir sua segunda loja em Deauville, na época um
centro elegante da França. Capel morreu em 1924, vítima de um acidente
automobilístico.
Em 1925, Chanel iniciou uma estreita amizade com o duque de Westminster, que a situou no mais alto escalão da aristocracia parisiense. Amiga também do compositor Stravinski - o qual se apaixonou por ela -, o coreógrafo Diaghilev, a bailarina Isadora Duncan, os artistas Jean Cocteau, Picasso, Salvador Dalí e outros igualmente célebres, Chanel esteve sempre ligada às principais correntes artísticas da primeira metade do século 20.
Chanel libertou a mulher das faixas e cintas, dos
corpetes apertados, das saias amplas de múltiplos babados e franzidos do fim do
século 19 e começo do século 20.
Em 1916, ela introduziu na alta-costura o jérsei
de malha, os trajes de tecidos xadrez e a moda escocesa, com blusas de malha
fina, as calças boca-de-sino, as jaquetas curtas e os casacos cruzados na
frente e acinturados em estilo militar.
Para a noite, Chanel criou vestidos em negro metálico, vermelho escarlate ou bege. Laços e paetês eram os únicos enfeites e não impediam que as mulheres se movimentassem com rapidez, ágeis como pedia a estética de um século onde tudo se tornava automatizado.
O vestido negro, simples, com gola e mangas largas
e punhos, a jaqueta de corte reto e a saia simples foram inovações da
estilista.
O nascimento do chamado "pretinho
básico" data de 1926, quando uma ilustração na revista "Vogue"
mostrava o vestido desenhado por Chanel - o primeiro entre vários que iria
produzir ao longo de sua carreira.
Seus modelos simples, ao alcance da mulher de bom
gosto e de poucos recursos, foram muito imitados e confeccionados em mais
categorias de preços do que qualquer outra criação da alta-costura.
Foi ela também quem introduziu as falsas jóias ao mundo da moda. Chanel sempre gostou de usar muitos acessórios, como colares de correntes ou pérolas de várias voltas.
Em 1939, no início da Segunda Guerra, a estilista
decidiu fechar suas lojas. Ela acreditava que não era uma época para a moda.
Mudou-se para o hotel Ritz e conheceu o alemão Hans Dincklage, espião nazista,
de quem tornou-se amante.
Em 1945, foi para a Suíça, voltando a Paris
somente em 1954, ano em que também retornou ao mundo da moda. Sua nova coleção
não agradou aos parisienses, mas foi muito aplaudida pelos americanos, que se
tornaram seus maiores compradores.
Chanel morreu em Paris, no dia 10 de janeiro de
1971, aos 87 anos, em sua suíte particular no hotel Ritz.
FRASES
DE CHANEL
"Sou contra uma moda que não dure. É o meu lado masculino. Não consigo imaginar que se jogue uma roupa fora, só porque é primavera."
"Uma mulher vestida de claro raramente fica de mau-humor."
"A natureza nos dá o rosto dos 20 anos. A vida modela o dos 30. Mas temos que merecer o rosto dos 50."
"Aos 50 anos a mulher é responsável por seu rosto. Ninguém é jovem aos 50. Costumo dizer aos homens: acham que ficam mais bonitos carecas?"
"Sou a última do meu gênero. Não terei sucessores. Espero apenas que o meu exemplo não seja esquecido muito depressa".
"A roupa deve ser, antes de tudo, cômoda e prática. É a roupa que deve adaptar-se ao corpo e não o corpo que deve deformar-se para adaptar-se à roupa".
"A moda, como a arquitetura, é uma questão de proporções".
"As roupas velhas são como velhos amigos. Nós os conservamos. Gosto de roupas como gosto de livros: para pegar, mexer nelas."
"Os homens que querem se fazer notar pelas
roupas são uns cretinos. As mulheres podem sobreviver a quase todas as formas
de ridículo; um homem ridículo está perdido, a menos que seja gênio."